Esta é uma estória de três mulheres que acabam de atravessar o portal
para a Maternidade e um pouco de suas experiências.
Ana teve neném mês
passado.
Joana acabou de parir.
Maria deu à luz na
quarta-feira.
Ana teve neném no dia
20/11/2011 às 11:00 horas.
Joana pariu no hospital
perto de sua casa.
Maria deu à luz
acompanhada do seu marido.
Ana estava ansiosa pela
chegada do seu primeiro filho.
Joana também.
Maria estava ansiosa pela
chegada do seu primeiro filho e para, só então, descobrir qual era o sexo do
bebê.
Ana passou sua gravidez
desejando um parto normal e planejando o enxoval, a decoração do quarto, o chá
de fraldas e as lembrancinhas da maternidade.
Joana passou sua gravidez
querendo um parto normal.
Maria passou sua gravidez
buscando, pesquisando, lendo, freqüentando grupos, vivências, terapia e se
preparando física e emocionalmente para o parto normal.
Ana trabalhou até o dia
anterior ao nascimento de seu filho.
O último dia de trabalho
de Joana foi o dia que seu filho nasceu.
Maria parou de trabalhar
uma semana antes da data prevista de parto.
Ana fazia o pré-natal com
o ginecologista, super querido, que a acompanhava desde a adolescência e até
fazia parto normal.
Joana fez seis consultas de
pré-natal.
Maria mudou cinco vezes de
médico durante a gravidez até encontrar aquele com o qual teve plena certeza
que teria seu parto normal.
Ana teve seu bebê com 39
semanas de gestação porque na última consulta ao ginecologista foi informada,
pela secretária, que na semana seguinte ele iria viajar.
Joana pariu seu bebê com
40 semanas de gestação, após a bolsa ter rompido, assim que ela chegou em casa
voltando do trabalho.
Maria deu à luz ao seu
filho pouco depois de completar a 41ª. semana de gestação, após ter passado
por 16 horas de trabalho de parto.
Ana chegou no dia marcado
à maternidade mais famosa da cidade. Fez sua admissão, foi apresentada às
dezenas de serviços oferecidos, contratou a filmagem, a transmissão ao vivo da
cirurgia e levou de brinde uma foto do seu bebê publicada na galeria do site do
hospital.
Joana chegou ao hospital
mais próximo de sua casa, com contrações regulares, foi internada e logo veio
uma enfermeira lhe fazer o exame de toque. Estava com cinco centímetros de
dilatação. De hora em hora vinham checar o quanto ela já havia dilatado.
Maria chegou ao hospital
com contrações regulares, acompanhada de seu marido e sua doula e logo em
seguida seu obstetra chegou. Maria permaneceu intocada.
Ana teve de se despir e,
deitada na maca, foi levada para a sala de cirurgia. Naquela sala fria e com
luzes fortes, tomou anestesia. Segurava firme na mão do seu marido quando o
procedimento começou.
Joana foi levada para a
sala de parto, deitada na maca em posição ginecológica, tomou soro com
ocitocina porque não dilatava. Não deixaram seu marido a acompanhar.
Maria entrou na sala de
parto e enquanto sua doula enchia a banheira, ela dançava com seu marido ao som
do CD que havia levado para ouvir durante seu trabalho de parto. Seu obstetra
apenas observava.
Ana não conseguia ver e
nem sentir nada do que estava acontecendo com seu corpo.
Joana era exigida a fazer
uma força que não tinha vontade de fazer.
Maria mergulhava dentro de
si.
Ana viu quando aquelas
mãos com luvas e aquele rosto coberto por uma máscara levantaram o corpinho de
seu filho. Viu seu rostinho de perto quando a enfermeira encostou rapidamente
as bochechinhas dele nas suas.
Joana tomou uma baita
anestesia porque berrava de dor após a indução. Levou ainda uma episiotomia
para o bebê sair mais rápido. Da posição em que estava, não viu e nem sentiu o
seu filho nascer.
Maria tomada pelas
contrações fazia sons estranhos, como se fossem cantos misturados com gemidos.
Sentiu vontade de tocar seu bebê e pôde sentir a cabecinha dele ainda dentro
dela. Quando teve vontade, fez a força necessária para seu filho nascer. Sentiu
o corpo de seu filho atravessar-lhe o ventre. Pegou-o em seus braços e aconchegou-o
em seu peito.
Ana teve Antônio.
Joana pariu João.
Maria deu à Luz ao
Gabriel.
Ana é a melhor mãe do
mundo para seu filho.
Joana também.
E Maria, idem.
Claudia A. Xavier
Mãe da Olívia nascida de
Parto Domiciliar na Água
É Terapeuta de
Orientação Transpessoal e
Desenvolve Programas de Gestação Consciente e Preparação para o Parto
texto simplimente lindo! obrigada!
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