segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

UMA CRÔNICA SOBRE TER NENÉM, PARIR E DAR À LUZ


Esta é uma estória de três mulheres que acabam de atravessar o portal para a Maternidade e um pouco de suas experiências.

Ana teve neném mês passado.
Joana acabou de parir.
Maria deu à luz na quarta-feira.

Ana teve neném no dia 20/11/2011 às 11:00 horas.
Joana pariu no hospital perto de sua casa.
Maria deu à luz acompanhada do seu marido.

Ana estava ansiosa pela chegada do seu primeiro filho.
Joana também.
Maria estava ansiosa pela chegada do seu primeiro filho e para, só então, descobrir qual era o sexo do bebê.

Ana passou sua gravidez desejando um parto normal e planejando o enxoval, a decoração do quarto, o chá de fraldas e as lembrancinhas da maternidade.
Joana passou sua gravidez querendo um parto normal.
Maria passou sua gravidez buscando, pesquisando, lendo, freqüentando grupos, vivências, terapia e se preparando física e emocionalmente para o parto normal.

Ana trabalhou até o dia anterior ao nascimento de seu filho.
O último dia de trabalho de Joana foi o dia que seu filho nasceu.
Maria parou de trabalhar uma semana antes da data prevista de parto.

Ana fazia o pré-natal com o ginecologista, super querido, que a acompanhava desde a adolescência e até fazia parto normal.
Joana fez seis consultas de pré-natal.
Maria mudou cinco vezes de médico durante a gravidez até encontrar aquele com o qual teve plena certeza que teria seu parto normal.

Ana teve seu bebê com 39 semanas de gestação porque na última consulta ao ginecologista foi informada, pela secretária, que na semana seguinte ele iria viajar.
Joana pariu seu bebê com 40 semanas de gestação, após a bolsa ter rompido, assim que ela chegou em casa voltando do trabalho.
Maria deu à luz ao seu filho pouco depois de completar a 41ª. semana de gestação, após ter passado por 16 horas de trabalho de parto.

Ana chegou no dia marcado à maternidade mais famosa da cidade. Fez sua admissão, foi apresentada às dezenas de serviços oferecidos, contratou a filmagem, a transmissão ao vivo da cirurgia e levou de brinde uma foto do seu bebê publicada na galeria do site do hospital.
Joana chegou ao hospital mais próximo de sua casa, com contrações regulares, foi internada e logo veio uma enfermeira lhe fazer o exame de toque. Estava com cinco centímetros de dilatação. De hora em hora vinham checar o quanto ela já havia dilatado.
Maria chegou ao hospital com contrações regulares, acompanhada de seu marido e sua doula e logo em seguida seu obstetra chegou. Maria permaneceu intocada.

Ana teve de se despir e, deitada na maca, foi levada para a sala de cirurgia. Naquela sala fria e com luzes fortes, tomou anestesia. Segurava firme na mão do seu marido quando o procedimento começou.
Joana foi levada para a sala de parto, deitada na maca em posição ginecológica, tomou soro com ocitocina porque não dilatava. Não deixaram seu marido a acompanhar.
Maria entrou na sala de parto e enquanto sua doula enchia a banheira, ela dançava com seu marido ao som do CD que havia levado para ouvir durante seu trabalho de parto. Seu obstetra apenas observava.

Ana não conseguia ver e nem sentir nada do que estava acontecendo com seu corpo.
Joana era exigida a fazer uma força que não tinha vontade de fazer.
Maria mergulhava dentro de si.

Ana viu quando aquelas mãos com luvas e aquele rosto coberto por uma máscara levantaram o corpinho de seu filho. Viu seu rostinho de perto quando a enfermeira encostou rapidamente as bochechinhas dele nas suas.
Joana tomou uma baita anestesia porque berrava de dor após a indução. Levou ainda uma episiotomia para o bebê sair mais rápido. Da posição em que estava, não viu e nem sentiu o seu filho nascer.
Maria tomada pelas contrações fazia sons estranhos, como se fossem cantos misturados com gemidos. Sentiu vontade de tocar seu bebê e pôde sentir a cabecinha dele ainda dentro dela. Quando teve vontade, fez a força necessária para seu filho nascer. Sentiu o corpo de seu filho atravessar-lhe o ventre. Pegou-o em seus braços e aconchegou-o em seu peito.

Ana teve Antônio.
Joana pariu João.
Maria deu à Luz ao Gabriel.

Ana é a melhor mãe do mundo para seu filho.
Joana também.
E Maria, idem.

Claudia A. Xavier
Mãe da Olívia nascida de Parto Domiciliar na Água 
É Terapeuta de Orientação Transpessoal e 
Desenvolve Programas de Gestação Consciente e Preparação para o Parto 

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